Comportamento de consumo: compras por impulso e compulsão 19 de junho de 2024 Uma pesquisa feita pela Confederação Nacional de Lojistas em parceria com o SPC Brasil e o Sebrae traz um dado impressionante: 44% das compras que os brasileiros realizam pela internet são feitas por impulso, ou seja, não são planejadas. A pessoa fica navegando na internet ou zapeando pelas redes sociais, vê a propaganda de um produto, entra no site e… compra! Comidas e bebidas delivery lideram as estatísticas dos itens adquiridos sem pensar (47%), seguidos de moda e vestuário (42%). Mais preocupante do que fazer uma ou outra compra impensada – o que todos nós fazemos -, é quando esse comportamento se torna parte da rotina e, com o tempo, acaba minando aquelas coisas que planejamos ou desejamos realizar. Em outros casos, as compras por impulso podem gerar uma bola de neve que leva ao endividamento, afetando nossas relações, saúde, trabalho e demais esferas da vida. Nem sempre isso acontece por um entusiasmo momentâneo – uma promoção atrativa, por exemplo. Às vezes, o hábito de comprar o que aparece pela frente se torna tão frequente e incontrolável que domina nossas decisões. Esse é o caso do distúrbio psiquiátrico chamado de compulsão, que precisa ser tratado. A seguir explicamos melhor esses comportamentos e, com a ajuda da Dra. Tatiana Filomensky, coordenadora do PRO-AMITI, Programa para Compradores Compulsivos do Programa Ambulatorial dos Transtornos do Impulso do Instituto de Psiquiatria da Faculdade de Medicina da USP (Universidade de São Paulo), listamos muitas dicas para manter o controle da vida financeira diante de tantas tentações de consumo. Eu mereço! A lógica da autocompensaçãoUm dos gatilhos da compra por impulso é o desejo de autocompensação. “Eu mereço!”, “trabalho bastante”, “sofri muito” e “vou me dar um presente”. Por trás dessa lógica, muitas vezes, está a busca de solução instantânea para alguma questão mais complexa com que temos dificuldade em lidar. Isso acontece porque, quando compramos algo que queremos, nosso cérebro produz a dopamina, neurotransmissor responsável pela sensação momentânea de felicidade e prazer. É a mesma sensação que temos ao comer uma sobremesa gostosa ou fazer exercícios físicos. Mas a euforia passa rápido, e a conta chega logo depois. Existe, ainda, a chamada compra por revanche, um comportamento que ganhou força durante a pandemia. Para compensar as ansiedades e sofrimentos gerados pela crise sanitária e pelo distanciamento social, muitas pessoas passaram a consumir mais, especialmente, na volta às atividades presenciais. Outra ideia comum é a de que a vida acontece agora – e pronto! Ou seja, valoriza-se excessivamente o presente e deixa-se de pensar no futuro. “Vou viajar agora em vez de guardar dinheiro porque depois posso não estar vivo para aproveitar”. Sim, isso pode acontecer. Mas o mais comum é que as pessoas vivam muitos anos. E buscar o equilíbrio – viver bem hoje sem comprometer meu amanhã – pode ser a atitude mais segura financeiramente. Atenção aos gatilhos de consumoAlgumas situações funcionam como gatilhos para quem tem tendência a compras por impulso, ou seja, em determinadas condições, fica mais difícil resistir. Conheça algumas dessas situações e fuja de enrascadas. Promoções e liquidações É comum no mundo do marketing você se deparar com aquelas chamadas do “só até hoje” ou “garanta o seu, senão acaba”. Tanto os descontos quanto os prazos dessas “ofertas imperdíveis” acabam criando uma falsa sensação de urgência e de perda de oportunidade. Acontece que essa é uma abordagem criada pelas empresas e marcas para vender mais. Portanto, fica a dica: só aproveite uma promoção ou liquidação se você estiver precisando do produto e se o valor couber no bolso. Compras onlineJá descobrimos que comprar pela internet é muito fácil. O número do cartão fica salvo na nossa loja virtual preferida e, em apenas um clique, o produto logo estará na porta de casa. Se fizer uma pesquisa de um sapato, o algoritmo captura o seu interesse e a oferta desse produto – ou de outros relacionados a ele – aparece para você o tempo todo, em forma de anúncios. Ou seja: na internet, e principalmente nas redes sociais, o “canto da sereia” é muito tentador. Se não ficarmos atentos, estouramos o orçamento sem perceber. Cartão de crédito e cheque especialOs produtos e serviços financeiros existem para facilitar a nossa vida. Quando temos acesso ao crédito, ganhamos fôlego financeiro, podemos trocar a geladeira que quebrou ou realizar projetos, como aquela viagem tão sonhada. Mas, mesmo para fazer esse tipo de compra ou contratação, é preciso colocar tudo na ponta do lápis. É comum observar o uso indevido do crédito, como fazer parcelamentos no cartão de crédito a perder de vista ou usar o limite do cheque especial como se o dinheiro fosse seu. Em ambos os casos, são cobrados juros – e eles estão entre os mais altos do mercado. Por isso, fica a dica: ao sair, deixe o cartão de crédito e débito em casa. Usar dinheiro vivo, em vez de adiar o pagamento, ajuda a concretizar o gasto. Quando o consumo vira compulsãoSe o círculo vicioso não for interrompido, as compras por impulso podem levar à compulsão, uma doença psiquiátrica também conhecida como Oniomania. Essa enfermidade integra os Transtornos do Controle do Impulso, ao lado de outras, como a compulsão por alimentos, por jogos ou uso excessivo de tecnologia, por exemplo. Ela é caracterizada, segundo a doutora Tatiana Filomensky, pela preocupação excessiva e perda de controle sobre o que comprar ou não, aumento excessivo do volume de compras, tentativas frustradas de reduzir ou controlar as compras, mentiras para encobrir o descontrole e problemas financeiros causados pelo ato de comprar. De acordo com a psicóloga, a compulsão busca suprir necessidades emocionais tanto positivas quanto negativas. “Eu compro porque não estou bem, mas quando estou feliz, tenho uma festa, por exemplo, e quero potencializar a minha sensação de felicidade, também saio comprando”, explica. Compra por impulso e compulsão: entenda a diferençaA diferença entre alguém que faz compras por impulso eventualmente, para saciar um desejo momentâneo, e a pessoa que precisa de ajuda médica por conta disso, está principalmente nas atitudes e na desorganização das questões práticas da vida. Por exemplo, a pessoa torna-se inadimplente, faz empréstimos indevidos no banco e, mesmo sentindo culpa, não para de comprar. Isso quando não conta mentiras ou começa a esconder as compras de quem mora na mesma casa para evitar censura e discussões. Segundo a médica, a necessidade da compra pode ser explicada a partir de três pilares. De origem familiar, genética ou comportamental, quando a pessoa já tem histórico de compulsão na família (de qualquer tipo, não necessariamente por compras). O segundo é o fator individual, relacionado à necessidade de reconhecimento pessoal, de sentir que tem um lugar no mundo e de ser notado pelo que tem. E, por fim, há o pilar cultural, com comportamentos que giram em torno da lógica do dinheiro e do consumo, próprios da sociedade em que vivemos. Onde buscar apoioPessoas compulsivas sofrem porque não conseguem parar de comprar e, assim como acontece em outros tipos de compulsões, acabam impactando quem está ao seu redor. “Elas perdem a confiança da família”, observa Tatiana. Segundo a psicóloga, a reconstrução das relações e da confiança depende não só da pessoa compulsiva, mas também do interesse e da presença da família. “Não adianta só sair pagando o tratamento, tem que participar.” Para quem está vivendo este tipo de sofrimento, ela orienta que, ao menor sinal de dívidas excessivas, malabarismos financeiros e compras que são ocultadas, é preciso procurar ajuda. “O primeiro passo é reconhecer a impotência diante daquele comportamento, poder falar sobre o que sente, sobre suas tentativas e fracassos, angústias e ansiedades”, observa. Caso precise de ajuda médica, o caminho é procurar um psicoterapeuta. Há uma série de instituições que oferecem tratamento gratuito. Além do PRO-AMITI, sediado em São Paulo, o Sistema Único de Saúde, universidades públicas e privadas e outras instituições facilitam o acesso ao tratamento. No caso do AMITI, o atendimento inclui participação em grupos de diálogos e orientação, com o acompanhamento de uma equipe multidisciplinar, composta por médicos e psicólogos. Como driblar a ansiedade relacionada às comprasSe você tem a tendência de sair por aí gastando, descubra novas maneiras de se livrar da ansiedade, comprar com inteligência, manter as finanças em dia e ocupar seu tempo, seu corpo e sua mente de forma muito mais divertida e saudável. Confira, a seguir, algumas dicas. Eu quero? Eu preciso? Eu posso?Essas perguntinhas mágicas funcionam como um filtro. Quando você respira fundo, antes de entrar na loja física ou virtual, e responde a elas com sinceridade, fica mais fácil ter mais clareza nas decisões. Elas também ajudam a exercer o autocontrole. Faça seu orçamento pessoalPessoas que controlam seus gastos tendem a se planejar melhor. Aplicativo, planilha de excel ou o famoso caderninho: vale qualquer método para registrar as entradas e saídas de dinheiro e acompanhar a sua saúde financeira. Veja 5 maneiras bem simples de fazer esse controle!Planeje-se antes de comprar e pechincheAntes de abrir a carteira, desenvolva o hábito de consultar o saldo da conta, abrir extratos bancários, somar as parcelas já contratadas, pesquisar preços antes e comparar produtos. Esse é o roteiro de quem não quer perder a mão nas finanças. Pratique a economia circular Comprar produtos de segunda mão, como roupas de brechós e móveis usados em antiquários, é uma forma inteligente de usar o dinheiro. Além de adquirir objetos cheios de história, é possível economizar e ainda contribuir para que menos recursos naturais sejam extraídos do meio ambiente para a fabricação de novos produtos. Adquira novos conhecimentos Fazer um novo curso e desenvolver novas habilidades é um jeito de lidar melhor com a ansiedade. A sensação de adquirir novos conhecimentos – e até ganhar dinheiro com eles – pode ajudar no necessário equilíbrio. E hoje, com as facilidades da internet, é possível fazer cursos gratuitos em muitas áreas, da alimentação à comunicação. Faça exercícios físicosAtividades físicas liberam endorfina, um hormônio que causa a sensação de prazer e bem-estar. Essa é, portanto, uma ótima troca: deixar de consumir para cuidar do corpo e da saúde. Se você ainda não tem esse hábito, escolha uma atividade da qual você goste e comece aos poucos, sem fazer planos mirabolantes. Devagar, a prática de exercícios vai entrando na vida. Busque apoio na meditaçãoExcesso de informações, estímulos e preocupações do dia a dia tendem a sobrecarregar nossa mente. Para muitas pessoas, um jeito de acalmar é praticando a meditação. Nada do outro mundo: reserve alguns minutos do dia, escolha um lugar confortável e silencioso e dedique esse tempo a você. Há uma série de aplicativos de meditação guiada que facilitam a vida de quem está começando a meditar. Convivência: essencial Uma boa conversa é a melhor maneira de desabafar, compartilhar alegrias e angústias com quem amamos. Que tal convidar aquele amigo ou amiga com quem você gosta de conversar para tomar um café? Ou fazer um passeio no parque? Cuide de seus projetos de vida Alimentar sonhos é uma forma de direcionar as nossas energias para coisas que são de fato importantes e que podemos realizar. Por isso, a dica é não abandonar seus projetos, mesmo que hoje eles pareçam distantes. Integre-se à sua comunidade Uma das características de quem compra por impulso é a necessidade de se sentir incluída em determinado grupo. Mas existem outros caminhos para suprir esse desejo: por exemplo, integrando-se e sendo útil à sua comunidade. Se você tem tempo livre e disposição, por que não trabalhar como voluntário para algum projeto que ache interessante ou promover bazares beneficentes para alguma instituição do bairro? Conte conosco para recomeçar Quer sair das dívidas e voltar a ter o controle da sua vida financeira? Conte conosco! Consulte o seu CPF gratuitamente em nosso site e confira se as suas pendências estão sob nossa gestão. Temos parcerias com diversas empresas dos setores financeiro e varejista e podemos oferecer excelentes condições de renegociação!